domingo, 15 de abril de 2012

KAISER CARABELA

APOSENTADO NOS EUA, ELE RENASCEU NA ARGENTINA E FOI O PRIMEIRO ENTRE OS CARROS DE PASSEIO DE LÁ.

POR FABIANO PEREIRA | FOTO: MARCO DE BARI




Fundada em 1945, a Kaiser estreou com uma proeza: apresentou no ano seguinte o primeiro carro americano 100% novo do pósguerra - e dois anos antes de GM, Ford e Chrysler, que ainda requentavam produtos antigos. O sedã Special já tinha para-lamas embutidos, a cara dos novos tempos. Após a chegada da linha renovada pelas três grandes de Detroit em 1949, o projeto foi melhorado para 1951 e passou a se chamar Manhattan, mas a concorrência revigorada roubou-lhe tanto mercado que a marca só durou mais quatro anos. Todo o ferramental foi enviado, então, para a Argentina, onde a Kaiser teria uma nova vida. Baseado no americano Manhattan, o Carabela 1958 foi o primeiro carro de passeio de série naquele país - e segundo o site Coche Argentino, especializado na história da indústria local, também seria o pioneiro na América Latina. A Kaiser vinha de uma associação com a Willys-Overland, que durou de 1953 a 1955. Coincidentemente, quando o ferramental do Carabela ia para a Argentina, o do Aero-Willys chegava ao Brasil. O seis-cilindros da Kaiser derivava de um motor de empilhadeira, projetado para baixas velocidades. Sofria com altas rotações e mudanças constantes de giro, por isso, em 1954, além da carroceria redesenhada, a Kaiser passou a oferecer nos EUA um compressor opcional, que elevava seus 118 para 140 cv. O 0 a 100 km/h era feito em cerca de 14 segundos, equivalente ao dos V8. O carro argentino não herdou o recurso nem oferecia câmbio automático e direção hidráulica, opcionais no americano, nem a versão com duas portas e o Traveller, este precursor dos hatches. Nas fotos vemos um Carabela 1958, primeiro argentino a receber premiação de destaque no encontro de Águas de Lindoia (SP). Sobra espaço interno, só o túnel central (por onde passa o cardã) atrapalha um pouco. A curiosidade é a falta de afogador, item tão comum na época. O painel lembra o do Renault Gordini, porém mais compacto diante do tamanho da cabine. Bancos inteiriços macios fazem um par ideal com a suspensão, que oscila um pouco nas curvas, mas menos que num Ford Galaxie nacional. Os engates do câmbio complicam as trocas de primeira para segunda e a ré, exigindo precisão e hábito. Após 10 282 unidades, o Carabela deixaria de ser fabricado em 1961, antes do nosso Aero-Willys, que durou aqui mais uma década. Tal qual a nossa Willys, as Industrias Kaiser Argentina (IKA) se associariam à Renault. Assim, mesmo com a curta existência de quatro anos, a Kaiser entraria para a história como um dos maiores clássicos que a Argentina já viu.

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