domingo, 15 de abril de 2012

DE TOMASO PANTERA

SUCESSOR DO GT40, O PANTERA FOI A OBRA-PRIMA DE DE TOMASO EM PARCERIA COM A FORD.

 POR FABIANO PEREIRA | FOTOS: MARCO DE BARI




Piloto que chegou a correr na F-1, Alejandro De Tomaso era argentino. Corajoso, decidiu produzir seus próprios carros em Modena, quintal da Ferrari. Alejandro começou construindo o chassi que usaria nas pistas adicionando um motor da Maserati e, mais tarde, da Ford, mas foi como criador de superesportivos que ele encontrou seu caminho, mesmo em meio à farta concorrência local. O primeiro modelo de rua da marca surgiu no Salão de Turim de 1963. Era o Vallelunga, com seu motor 1.5 do Ford Cortina. Em 1966 veio o Mangusta, desenhado por Giorgetto Giugiaro, e em 1970 chegou a obra-prima de De Tomaso, o Pantera. Foi o ápice da parceria entre a marca e a Ford, que já havia tentando comprar a Ferrari. Lançado no Salão de Nova York, o Pantera era uma releitura dos sucessos da Ford em corridas nos anos 60, em especial o GT 40. Sobre estrutura monobloco, sua carroceria de aço desenhada pelo americano Tom Tjaarda, do estúdio Ghia, era moderna e tipicamente italiana. Atrás dos bancos ficava o motor Ford V8 351, de 5,8 litros e 310 cv, e o câmbio manual ZF de cinco marchas. A suspensão era independente nas quatro rodas, todas com freio a disco. Ele ia de 0 a 100 km/h em 5,6 segundos e atingia 260 km/h. Nos Estados Unidos, era vendido em autorizadas Lincoln-Mercury, com direito a vidros elétricos e ar-condicionado. O Pantera faz jus a seu nome, como prova o exemplar 1972 das fotos, à venda na loja Private Collections de São Paulo. Suas respostas são agressivas e a aceleração, violenta. Dosar o pé é essencial. Bem atrás do piloto, o motor faz o corpo todo vibrar. Pelo retrovisor, vê-se o filtro de ar trepidar. Sentem-se as imperfeições do asfalto nas mãos. O cinto de segurança pode ser usado nos três pontos, só na faixa abdominal ou só na transversal. Os engates do câmbio são facilitados pela grelha clássica, embora a alavanca e a embreagem sejam relativamente pesadas. A parceria De Tomaso e Ford se encerrou no fim de 1974 e, com ela, a importação do Pantera para os EUA. Mas novas versões renovariam o ânimo do felino e reforçariam seu apelo para a preparação e a customização. O Pantera GT5 de 1980 ganhou vários itens aerodinâmicos que deixaram o visual mais pesado. Cinco anos depois, o GT5-S trouxe a primeira mudança profunda no visual, com nova frente. Criador dos Lamborghini Miura e Countach, Marcello Gandini atualizou o desenho do Pantera em 1989, junto com melhorias mecânicas e estruturais. O visual ficou mais retilíneo e carregado, com spoiler e acessórios aerodinâmicos. Agora o modelo usava um chassi tubular. Rodas de liga com freios Brembo ventilados e nova suspensão completavam o pacote. Em 1991, ganhou um V8 Ford de 5 litros, com muita eletrônica e 305 cv. O Pantera só morreria em 1993, após 23 anos de vida, mostrando o tamanho do fôlego desse gato selvagem.

 


Velocímetro e conta-giros separados no painel e câmbio guiado pela grelha (esq.) | O V8 Ford de 310 cv era instalado em posição central traseira (dir.).

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