domingo, 18 de março de 2012
Clássicos: Volkswagem KOMBI CD
Os anos 80 consagraram um mercado que já existia desde os primórdios da nossa indústria: o das picapes de cabine dupla. Praticamente restrito ao universo das transformações, ele se apoiava nas picapes grandes da Ford e da Chevrolet como base. Entre as exceções, havia raras opções desenvolvidas a partir de furgões, ou seja, com a dianteira de um monovolume. Foi assim com a Gurgel G-800, nascida como o elétrico Itaipu E-400, e com a Fly, derivada da Poá Caravelle, produzida pela Sulamericana a partir da mecânica Ford. De série mesmo só havia um representante, a VW Kombi de cabine dupla, apresentada em 1981.
Ela levava além a praticidade do transporte da Cabrita, apelido da picape de cabine simples, que existia desde 1967. Com espaço para seis pessoas mais carga, atendia tanto a chamados profissionais quanto a missões de lazer. Do lado direito ficava a única porta de acesso ao banco de trás, a exemplo da antiga Chevrolet Amazona - que agora soa como novidade no Hyundai Veloster.
A cabine dupla veio com outras inovações técnicas. Se o motor 1.6 era oferecido desde 1975, quando a Kombi sofreu a maior reestilização, a linha 1981 inaugurou a versão a diesel, reconhecível pela grade do radiador ressaltada entre os faróis. Era a única opção refrigerada a água na época. Para os passageiros de trás da cabine dupla, a divisória metálica junto ao encosto dianteiro restringia o espaço das pernas.
Em janeiro de 1982, seria a vez de a QUATRO RODAS comprovar o maior mérito do motor a diesel: seu baixo consumo. "A começar pelo uso urbano, onde fez 15,23 km/l (...) rodando sem carga", dizia a reportagem. "Para passar ao consumo rodoviário onde, a 80 km/h reais, fez 15,52 km/l vazio e 13,65 km/l carregado com 1 tonelada."
Em 1982 surgiu o modelo a álcool e, um ano depois, ela recebeu novos painel e volante. O freio de mão foi do assoalho para baixo do painel, o cinto de segurança era de três pontos e o freio a disco estreou na dianteira. Foi a versão a álcool, a mais vendida, que QUATRO RODAS testou em julho de 1983. Parecia outro carro. Foram 5,61 km/l na cidade e 7,07 km/l na estrada, levando 1 tonelada. O conforto ganhou pontos com o volante mais vertical, o que diminuiu a sensação de dirigir um ônibus. O apoio de cabeça era opcional, mas ainda faltava a inclinação do encosto do banco e uma alavanca de câmbio mais alta para melhorar a posição de dirigir.
O exemplar 1984 a álcool das fotos foi comprado novo pelo pai do atual dono, que diz tratar-se de um modelo de exportação, caracterizado por carpete, bancos de veludo, encosto de cabeça, ar quente e pintura saia e blusa. "Ela foi usada por um ano para ir ao sítio da família ou à praia e costumava levar uma moto na caçamba. Depois de 35 000 km, ficou dez anos parada. Desde então, só rodou 5 000 km." Curiosamente, sua aposentadoria veio na mesma época em que as versões a diesel e cabine dupla saíram, em 1985.
POR FABIANO PEREIRA | FOTOS: CHRISTIAN CASTANHO
Matéria extraída da Revista QUATRO RODAS
Novembro 2011
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